Há vários anos, a América Latina tem sido uma das regiões mais perigosas para exercer o jornalismo. Somente em 2017, de acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), pelo menos oito jornalistas foram assassinados na região por realizar seu trabalho, embora estejam investigando pelo menos mais seis casos.
O assassinato, no entanto, não é o único perigo que a liberdade de imprensa enfrenta: ameaças, perseguições, espionagem às suas comunicações digitais e até mesmo perseguições judiciais são parte do cotidiano dos jornalistas.
É neste cenário e com o objetivo de oferecer ferramentas para melhorar esta situação, que o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas e a International Women’s Media Foundation (IWMF) oferecem o curso gratuito em espanhol “Risco e segurança no jornalismo na América Latina: passos práticos para a autoproteção”, ministrado pela jornalista e defensora dos direitos humanos Claudia Julieta Duque de 26 de março a 22 de abril.
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“Avaliar sua própria situação de risco permitirá que os jornalistas obtenham o conhecimento necessário para responder a ameaças concretas e elaborar respostas e planos de segurança”, disse Duque. “Em uma região como a América Latina, esse tipo de resposta está se tornando cada vez mais urgente, já que é visível que os Estados deixam a desejar quando se trata de proporcionar garantias reais para o exercício do jornalismo”.
A partir de 26 de março e durante cinco semanas, os participantes podem aprender os conceitos de risco e ameaça e avaliar seus próprios riscos. Eles também conhecerão os riscos que podem enfrentar no mundo digital e estratégias para proteger não só eles mesmos, mas suas fontes. O curso também oferecerá ferramentas para que os jornalistas desenvolvam um plano de autoproteção e oferecerá conselhos para a gestão do estresse e do trauma através da análise de experiências de resiliência em jornalistas vítimas desses eventos.
Como parte desta autoproteção, o curso também oferecerá uma compreensão do marco jurídico interamericano para a proteção de jornalistas, como a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, bem como os mecanismos de emergência disponíveis.
O curso consistirá em videoaulas, leituras, fóruns de discussão e questionários semanais.
“Estamos contentes em unir forças com o Centro Knight e com Claudia Duque para oferecer este curso. Esperamos que ajude os jornalistas da região a reconhecer melhor, avaliar e reduzir o nível de risco em seu trabalho, aumentar sua segurança física, digital e mental e compartilhar as melhores práticas com colegas da região”, disse Elisa Lees Muñoz, diretora executiva da IWMF. “A IWMF promove este curso no âmbito do seu programa Adelante, que oferece bolsas de viagem à América Latina para mulheres jornalistas de todo o mundo”.
Claudia Julieta Duque é uma jornalista e defensora dos direitos humanos colombiana, correspondente da Rádio Nizkor na Colômbia. Suas reportagens investigativas foram publicadas em meios como Washington Post, revista Semana, os jornais El Tiempo e El Espectador e o portal digital La Silla Vacía.
Ela já ministrou cursos de proteção a defensores de direitos humanos e jornalistas na América Latina para Front Line Defenders e Free Press Unlimited e para a Federação Colombiana de Jornalistas (Fecolper, na sigla em espanhol). Recebeu os prêmios Liberdade de Imprensa da Repórteres Sem Fronteiras – Suécia, Coragem Jornalística da IWMF e o Prêmio Ilaria Alpi ap Jornalismo Investigativo, na Itália.
Em 2011, a revista Newsweek a classificou como uma das dez mulheres jornalistas que mais arriscam suas vidas para informar, e The Daily Beast a nomeou como uma das 150 mulheres mais destacadas do mundo. Em 2014, a Repórteres Sem Fronteiras a considerou uma dos 100 heróis mundiais da informação e ela recebeu o reconhecimento da FLIP, ACNUDH e do Centro de Memória Histórica por seu trabalho investigativo no caso do assassinato do jornalista colombiano Jaime Garzón. Em 2016, ela foi uma das três finalistas do Prêmio ao Jornalista mais Resiliente do mundo, concedido pela Free Press Unlimited. Em 2017, recebeu um reconhecimento por sua coragem na luta contra a impunidade concedido pela Federação Latino-Americana de Jornalistas (FEPALC) e Fecolper.
“É uma honra e um privilégio para nós no Centro Knight ter a valente jornalista e defensora dos direitos humanos Claudia Duque como instrutora deste curso. Há muito tempo tínhamos a ideia de um curso como esse, mas só agora podemos oferecê-lo graças ao apoio da International Women’s Media Foundation”, afirmou o professor Rosental Alves, diretor e fundador do Centro Knight.
“Esperamos contar com a participação de jornalistas de muitos países da América Latina. Não só daqueles de lugares onde, infelizmente, a violência e os ataques contra jornalistas são mais comuns, mas de todos da região. Atualmente, ninguém está imune a esses ataques que ocorrem no mundo real e no mundo cibernético”, acrescentou Alves.
O curso está projetado para jornalistas ativos em mídia impressa, eletrônica e digital; editores e coordenadores ou chefes de informação; comunicadores que trabalhem em circunstâncias particularmente difíceis e ambientes hostis, nos quais seja comum receber ou saber sobre ameaças diretas contra a própria vida ou a de outros jornalistas. De todo modo, o curso está aberto a qualquer pessoa interessada em conhecer ferramentas e práticas que lhes permitam melhorar sua segurança.
Assim como todos os MOOC do Centro Knight, este curso será assíncrono, o que significa que os estudantes podem fazer as lições em seu próprio tempo, quando lhes for mais conveniente. No entanto, haverá prazos sugeridos para ajudá-lo a permanecer no ritmo do curso.
Os estudantes que completem com sucesso o curso, incluindo os questionários semanais e a participação semanal em fóruns de discussão, podem obter um certificado de participação após a verificação pelo pessoal do Centro Knight. O certificado, que está disponível em formato PDF por US$ 30, atesta a participação no curso online, mas não possui crédito acadêmico formal vinculado a ele.
Sobre a IWMF
Por quase três décadas, a International Women’s Media Foundation (IWMF) tem apoiado mulheres jornalistas para alcançar seu máximo potencial como defensoras da liberdade de imprensa e para transformar a mídia. A IWMF busca garantir que as mulheres jornalistas em todo o mundo recebam total apoio, sejam protegidas, reconhecidas e recompensadas por suas contribuições vitais em todos os níveis da mídia. Através de seus programas e bolsas, buscam empoderar as mulheres jornalistas com treinamento, oportunidades e apoio para torná-las líderes na indústria.
Sobre o Centro Knight
O Centro Knight para o Jornalismo nas Américas foi criado em 2002 pelo professor Rosental Alves, Cátedra Knight de Jornalismo na Escola Moody de Comunicação da Universidade do Texas, graças às generosas doações da Fundação John S. e James L. Knight. O programa de ensino à distância do Centro Knight começou em 2003 e é financiado em parte pela Fundação Knight. Nos últimos cinco anos, os MOOC do Centro Knight chegaram a mais de 120 mil pessoas em mais de 170 países.