Animados debates, uma a duas horas de bate-papo e entusiasmada participação foram os fatos que atestaram a qualidade do curso de Alvaro Sierra, “A cobertura do tráfico de drogas”. A pedido dos alunos, Sierra prorrogou o curso por duas semanas. “Já é a segunda semana e eu continuo a receber mensagens nos fóruns”, disse o instrutor.
O curso, conduzido em espanhol, foi organizado pelo Centro Knight para o jornalismo nas Américas como parte do seu programa de ensino à distância. Trinta estudantes representaram dez países: Argentina, Brasil, Colômbia, Equador, Guatemala, Alemanha, Paraguai, Peru, México e Estados Unidos.
Eles debateram, conversaram e em algumas ocasiões, “permaneceram por duas horas, duas horas e meia em cada chat”, observou Sierra. “Quando eles começaram a se dar conta de que havia muitos argumentos morais por trás das histórias… a discussão se tornou realmente interessante.”
A professora assistente Rachel Barrera deu a Sierra os créditos pelo entusiasmo dos participantes. “Alvaro gasta seu tempo com os alunos. Ele dá muita atenção pessoal…e eu acho que isso estimula a motivação e a participação.”
Sierra, que cobriu conflitos armados e tráfico de drogas por muitos anos, acredita que a razão pela qual os estudantes ficam tão imersos é que ele os ensina a olhar para o problema de uma perspectiva global. “Este não é um problema do México, da Colômbia, ou da Guatemala . É um problema do mundo todo”, afirmou. “Isso é muito maior.”
O professor encoraja os alunos a ficar longe de informação “sobre assassinatos e massacres e cocaína interceptada pelas autoridades”. Segundo ele, “os estudantes reagem de uma forma muito interessante a esta abordagem, pois a maioria deles dizia, ‘Ei, pessoal, não sabemos isto; nós não pensávamos sobre isto antes e esta é uma ferramenta muito boa para o nosso trabalho diário”.
Rodolfo Montes, um repórter do jornal mexicano Milenio Diario e da Milenio Televisión, escreveu que “ter participado deste curso sobre cobertura do tráfico de drogas ampliou e consolidou uma nova visão de como a cobertura da imprensa deveria ser dedicada a este problema global.”
Outros temas abordados na aula foram descriminalização e segurança. “Eu também aprendi que existem diferentes alternativas relacionadas com a descriminalização que podem começar a controlar o problema do tráfico”, disse Irma Londoño, que fugiu da Colômbia para os EUA em 1999, após ameaças de morte.
O curso não só a ajudou a “estudar as medidas de segurança que os repórteres devem ter quando estão cobrindo lugares de alta periculosidade”, mas também lhe deu um auxílio emocional. “Para mim, os cursos têm sido minha terapia”, escreveu ela. “Você sabe como é difícil estar no exílio e este último (curso) me fez sentir que eu não estava sozinha e que outros jornalistas sofreram, sofrem e vão sofrer ameaças, perseguição e indiferença ao cobrir o tráfico de drogas.”
Esta é a quinta vez que o Centro Knight oferece o curso. O Centro Knight foi fundado pelo professor Rosental Alves em agosto de 2002 com uma doação de 2 milhões de dólares da Fundação John S. e James L. Knight com o objetivo de ajudar jornalistas da América Latina e do Caribe a aumentar a qualidade do jornalismo em seus países. O Centro também recebeu contribuições de outros financiadores como as Fundações Open Society e a Universidade do Texas.