O jornalista colombiano Álvaro Sierra acredita que a mídia hoje em dia não está fazendo um trabalho adequado na cobertura do tráfico ilegal de drogas. Repórteres muitas vezes tratam a questão como um problema local policial, ao invés de um problema complexo e global, um fenômeno econômico e social, de acordo com o instrutor.
“A narrativa dos meios de comunicação sobre drogas é fortemente influenciada pela narrativa oficial, que é muito parcial”, segundo Sierra.
Essas questões, juntamente com maneiras de desenvolver matérias mais profundas e mais completas sobre o tráfico de drogas, serão abordadas no curso online em espanhol “Cobertura do Tráfico de Drogas”, curso gratuito lecionado por Sierra e oferecido pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.
Esta é a terceira vez que o Centro Knight oferece esse curso, que começou o dia 8 de março e continua até o dia 11 de abril. As inscrições para o processo seletivo foram aceitas entre os dias 8 e 21 de fevereiro.
Para mais detalhes sobre esta oportunidade de treinamento, veja a Ficha de Informação sobre o Curso.
“O narcotráfico é um dos assuntos mais complexos e perigosos que os jornalistas cobrem atualmente na América Latina. Representa um dos maiores desafios para os jornalistas de vários países da região”, disse Rosental Calmon Alves, Diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas. “Pensamos que poderíamos criar um curso para oferecer mais informação sobre o tema para jornalistas e editores, com a finalidade de oferecer uma melhor preparação na compreensão e informação deste fenômeno internacional”.
Quando o curso foi oferecido em abril de 2009, 100% dos participantes que completaram a avaliação do curso disseram que a qualidade geral da instrução era ou “boa” ou “excelente”.
Um aluno escreveu ”aprendi com meus colegas de curso e com o instrutor. Isso é o mais importante para mim. Tudo o que vimos durante o curso é útil para a cobertura destes temas. De fato, atualmente estou trabalhando em uma matéria sobre o tráfico de drogas e prevenção de vício, e penso sobre o curso, e sobre o que discutimos entre nós, sobre como poder abordar estes assuntos de uma maneira mais completa”.
O curso, segundo Sierra, irá ajudar repórteres a ir além de cobrir somente fatalidades, confiscos de drogas e dinheiro ilegal e crimes horríveis.
“É um fenômeno social e econômico (e político) complexo e não um assunto simplesmente policial ou crimina”, ele disse. “Se uma certa distância da narrativa oficial é tomada, existem várias facetas que podem ser exploradas em sua cobertura”. Além disso, o tema central do curso será a chamada “guerra contra drogas”, disse Sierra.
“Na mina opinião, a estratégia atual da guerra contra as drogas é um fracasso que (quase) todo o mundo reconhece e (quase) ninguém quer mudar. A Colômbia, o México e os Estados Unidos são os melhores exemplos disso. Apesar de ser um tema que implica uma avaliação, um juízo de valor, creio que é parte importante de um curso sobre drogas abordar a avaliação do que tem sido feito nos últimos 40 anos (100, se o tema sobre a perspectiva mais ampla) para as combater”.
Seguindo essa linha, um outro aluno escreveu após o último curso, “de agora em diante, posso avaliar mais objetivamente a gravidade do tema e a urgência com que nós jornalistas devemos incluir o tema adequadamente na agenda nacional de nossos respectivos países. Com certeza nossa perspectiva para analisar o tema do narcotráfico será muito diferente a partir dessa experiência acadêmica em grupo.”
Sierra, que leciona como cobrir conflitos armadas na Universidade para Paz das Nações Unidas em São José, Costa Rica, foi editor das páginas editoriais do jornal de Bogotá El Tiempo. Ele também trabalhou como correspondente na Russia (1990-1997) e China (1998-2000), obtendo vasta experiência cobrindo conflitos armados tanto como repórter local e correspondente internacional.
“Temos a sorte de ter o experiente jornalista colombiano que trabalha atualmente como professor da Universidade para a Paz das Nações Unidas, na Costa Rica, e que vem estudando e lecionando o assunto”, disse Alves
Este curso foi oferecido em abril e agosto de 2009. O curso de agosto foi destinado a jornalistas mexicanos.
“É necessário que este curso continue sendo oferecido, não somente em países sofrendo do problema de tráfico de drogas, mas pelas Américas, porque este problema está se intensificando em passos gigantescos, por tanto é necessário treinar o máximo de jornalistas possíveis para quando eles tiverem que confrontar a cobertura do tráfico de drogas”, disse um ex-aluno.
O Centro Knight para o Jornalismo nas Américas da Universidade do Texas em Austin foi lançado em 2002 pelo professor Rosental Calmon Alves. Graças a generosas doações da Fundação John S. and James L. Knight, o centro tem ajudado milhares de jornalistas na América Latina e no Caribe. Para mais informações, contatar a gerente de programas do Centro Knight Jennifer Potter-Miller em jpotterandreu arroba mail.utexas.edu ou +1 512 471-1391.