Nos último meses, mais de 100 repórteres e editores mexicanos usaram a plataforma digital de ensino à distância do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas para aprender estratégias de enfrentamento das situações de risco em sua rotina profissional, por conta da violência que assola o país.
Os cursos online e webinários do Centro Knight foram realizados em parceria com a seção americana do International News Safety Institute (INSI), de Londres, e da organização mexicana Periodistas de a Pié.
A maioria das apresentações foi realizada por jornalistas mexicanos, por sua experiência na área, e pelo bolsista Knight International Journalism Jorge Luis Sierra, um premiado repórter investigativo e editor mexicano radicado em Edinburg, no estado americano do Texas.
Ao todo, 109 repórteres e editores do México participaram do treinamento de quatro meses oferecido pelo Centro Knight, o “Estratégias para Cobertura em Áreas de Risco”, que incluiu dois cursos e dois webinários.
Os cursos e os webinários foram além dos riscos à integridade física dos jornalistas que atuam no México. Eles também abordaram a perspectiva psicológica da vida em risco e os problemas de segurança ligados à internet – pois diversos profissionais precisaram a aprender sobre as vulnerabilidades da comunicação digital.
“Foi útil saber como proteger minha informações em computadores e a administrar contas de e-mail. No meu caso, mudei algumas senhas para torná-las mais seguras”, disse um jornalista de Chihuahua.
Na regiões do país mais afetadas pela violência ligada ao tráfico de drogas, nas quais diversos jornalistas estão entre as vítimas, é importante que repórteres e editores conheçam alguns protocolos de segurança, caso queiram adotá-los.
Um jornalista da cidade de Nuevo Laredo, no estado de Tamaulipas, disse ter adotado algumas medidas de segurança diariamente. “Eu utilizo os protocolos de segurança quando vou de casa para o trabalho, quando faço uma cobertura e até quando ando com minha família. Isso não é obsessão. Ao contrário, é algo que todos os cidadãos deveriam colocar em prática. Isso não significa que nada acontecerá, mas corremos menos riscos assim”, afirmou.
Os dois cursos online foram oferecidos entre 20 de fevereiro e 18 de março e 26 de março a 22 de abril, em parceria com a seção americana do INSI e a Periodistas de a Pié.
Os dois webinários foram realizados nos dias 9 e 16 de dezembro de 2011, em parceria com a Periodistas de a Pie, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), a organização Artigo 19 e o International Center for Journalists.
Os cursos, integralmente online, foram ministrados por um das fundadoras da Periodistas de a Pié, Margarita Torres, pelo bolsista ICFJ International Knight Fellow Jorge Luis Sierra, pela terapeuta Sandra Interiano, de El Salvador, e por Elia Baltazar, experiente jornalista e coordenador do programa de Liberdade de Expressão do Centro de Jornalismo e Ética Pública (CEPET), do México.
“O intercâmbio de ideias entre os participantes foi muito interessante … Embora não seja possível dar todas as respostas, foram realizadas discussões interessantes e se refletiu sobre como continuar avançando para fazer jornalismo em regiões de risco sem se colocar ou se manter em risco (na medida do possível) e não deixar de informar”, disse Margarita Torres.
Os cursos foram realizados por meio da plataforma digital de ensino à distância do Centro Knight, baseada num sistema de administração de cursos de código aberto chamado Moodle. A plataforma multimídia tem sido usada pelo Centro Knight desde 2003, para treinar mais de 6 mil jornalistas da América Latina e do Caribe.
Segundo Torres, o uso da tecnologia digital em treinamentos sobre segurança para jornalistas do México já provou ser muito útil, por “abrir espaço para diálogo e compartilhamento de conteúdo”. “É importante que os instrutores e jornalistas aproveitem as plataforma digitais para cursos, treinamentos e discussões que ajudem a fazer um jornalismo melhor”.
Para a psicóloga Sandra Interiano, os jornalistas mexicanos devem se unir para enfrentar os riscos. “Acredito que o trabalho em equipe e a segurança mútua sejam o primeiro passo. Se você cuida de seus colegas e eles cuidam de você, isso valoriza a vida. Essa atitude de grupo manda uma mensagem: cuide de você mesmo e expresse seus sentimentos – o que é bom e não significa fraqueza ou falta de coragem. Acredito que editores e repórteres devem ter em mente que nenhum texto ou nenhuma foto vale a vida”, disse.
O Centro Knight planeja oferecer outras oportunidades de treinamento para jornalistas mexicanos nos próximos meses. O México é considerado o país mais perigoso do mundo para os jornalistas. Para mais informações sobre os risco enfrentados diariamente pelos profissionais de imprensa mexicanos, veja o mapa dos ataques contra a imprensa do país organizado pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas